Hidden Files
22 de Janeiro de 2024
Voltei agora de casa do meu avô, fui só lá buscar umas coisas que me esqueci da última vez, mas acabei a ler uma página do diário do meu avô sobre uma altura da Guerra em que ele esteve na Suíça por uns meses e começou a documentar diferenças na facilidade de tratar pacientes dependendo do nível de domínio que eles tinham sobre a língua, além disso dizia que mesmo que tivessem mais dificuldades em efetivamente ver progressos na terapia, todos fizeram, só não na mesma velocidade.
Isto deixou-me a pensar, porque é que pensamos, e hoje em dia ainda mais do que em 1944 quando aquilo foi escrito, que todos os nossos progressos têm de ser imediatos. Ou, aliás, até podem ser imediatos, só que têm de ser visíveis para quem os queremos mostrar, os nossos pais, professores ou nós mesmos em tempo recorde. É óbvio que já não estamos dispostos a dar tanto tempo e paciência a coisas como dávamos antes, se os telefones demoram a funcionar, pômo-los de lado, se uma relação não nos der o que queremos imediatamente,já não é o que esperávamos e pomo-la de lado e se o autor deste texto demora várias linhas a chegar ao ponto, fechamos o computador e ligamos o telefone que entretanto já funciona outra vez.
Mas será que até para o que é verdadeiramente importante, até para o mais importante de tudo, a nossa saúde mental, já não temos paciência?
Depois de pensar nisto na viagem de carro até à minha casa, liguei o telefone e, enquanto estava nas redes sociais, apareceu-me a página de um Blog de um projeto de psicologia chamado “YÌSHÍ” e um dos primeiros artigos era sobre Afirmações Diárias e quando abri, vi dezenas de frases diferentes inspiradoras com coisas básicas mas que todos precisamos de nos lembrar de vez em quando. As afirmações não eram igualmente ambiciosas, algumas eram “One day, I want to honestly say i made it” e outras eram simplesmente “Small steps are better than no steps”. E isso é que é o progresso!Melhorar é uma estrada que se escolhe fazer, e é preciso muita força de vontade, que demora meses ou anos, às vezes, que exige paciência mas que vale a pena, e não é de todo sempre igual, há altos e baixos. E claro que cometemos erros no processo, só que, em circunstância NENHUMA, se pode desistir da nossa relação connosco mesmos. De gostarmos de nós e querermos estar bem. Essa é a relação mais importante que cada um de nós vai ter, e por alguma razão, tornou-se aceitável sacrificá-la pela nossa relação com a sociedade, com estranhos e com as opiniões pouco informadas deles.