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24 de janeiro de 1977

{STRESS POS TRAUMATICO }

Voltei ontem à minha antiga universidade, vim visitar um dos meus professores preferidos. Como

me adiantei, deve ser das primeiras vezes, honestamente, fiquei a ver o resto da aula no fim do auditório. Estavam a falar sobre trauma pós guerra, o Shell Shock, em inglês. É das primeiras vezes que oiço falar sobre isto na universidade, algo estranho tendo em conta que estudei medicina. Acho que isto simplesmente não está estudado o suficiente para ser ensinado a alunos. Assim, que acabou a aula, fui ter com o meu Professor e fiz-lhe algumas perguntas com que tinha ficado sobre isto. Ele estava cheio de pressa e portanto fez o mesmo que fez sempre que eu lhe aparecia à frente com setecentas e oitenta e seis perguntas, mandou-me para a Biblioteca da Universidade. Assim que cheguei, requisitei logo 4 livros que poderiam ter a ver com isto e comecei a procurar. O primeiro livro não tinha nada de interessante sobre isto, o segundo também não mas o terceiro tinha dois capítulos inteiros sobre isto. Aparentemente, por toda a história, há relatos de choques pós traumáticos. Em quase todas as

guerras da história, a maior parte dos danos era à “alma” dos soldados e que este sentimento era

contagioso (pelos vistos isto está na Bíblia Deuterónimo 20:1-9). Até o Mercúrio do Romeu e Julieta teve pesadelos violentos sobre as espadas espanholas e as mortes do campo de batalha.

Mais recentemente, na Revolução Industrial, viram-se os primeiros casos disto fora do campo de batalha. No entanto, foi na Guerra Russo-Japonesa que se tentou tratar esta patologia, por causa da

dificuldade em evacuar os soldados do território, foi feito um esforço, em conjunto com a Sociedade Russa da Cruz Vermelha, para tentar tratar os pacientes. Foi esta uma das primeiras ocasiões em que o trauma pós guerra não foi só catalogado como “histeria” e posto de lado, recebeu o nome de “Neurose de Guerra” e começou a ser tratado em quase todos os conflitos a partir dali. A partir da Grande Guerra o número de pacientes aumentou de maneira explosiva. De acordo com um médico alemão em 1914, Robert Gaupp, a maior parte dos feridos que tratavam tinham poucas lesões físicas mas em vez disso feridas psicológicas catastróficas que os limitavam imenso. Isto faz sentido, tendo em conta que esta foi a guerra em que toda a tecnologia mais recente foi usada só para guerra. Triste. Já tenho o que queria, agora tenho de me ir embora porque a bibliotecária está a olhar para mim e a apontar para o relógio há 15 minutos. Vou parar de pensar em Guerras.

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