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7 de outubro de 2024

No outro dia, quando estava a ler uma página do diário do meu avô sobre Stress Pós-Traumático, o Shell Shock da altura, lembrei-me de quão recente é a psicologia, e a neurologia e tudo o que tem a ver com o cérebro. Durante o século XIX e o início do século XX, demos imensa importância a conhecer, efetivamente, o ser humano e estudámos a anatomia, os órgãos e os vasos sanguíneos mas falhámos em conseguir compreender a mente, que se calhar era um conceito demasiado complicado para a época. Provavelmente devo só ficar grato por viver numa época em que sabemos tanto como sabemos.Mas mais concretamente sobre o Stress Pós-Traumático, é uma pena não saber de que livro é que o meu avô falava, é um milagre naquela altura ter havido um livro que tivesse tanta informação tendo em conta que quase não havia nada. Mas, obviamente foram feitos progressos no tratamento e diagnóstico do PTSD, como era necessário porque viu-se que, se os soldados não tivessem acompanhamento psicológico, teriam de ficar hospitalizados por muito tempo mesmo que só tivessem feridas superficiais, com a “Neurose de Guerra”. Começou-se a investigar se o PTSD tinha origens anatómicas ou do passado dos pacientes, ou até proposto (por pessoas que não tinham claramente informação suficiente sobre o assunto) que era só preguiça ou uma birra. Surpreendentemente, quando a Segunda Guerra Mundial rebentou, toda a gente se esqueceu dos progressos feitos, não foram levados psicólogos para as frentes de combate, foram os americanos que, na Campanha do Norte de África em 1943, começaram a normalizar psicoterapia nos soldadosNo entanto, houve algo de bom que saiu disto, porque, ao contrário dos sobreviventes da Primeira Guerra, os da Segunda foram intensivamente estudados.​

Foi descoberto que em muitos sobreviventes civis, décadas depois de a guerra ter acabado, muitos ainda tinham pesadelos com a guerra, culpa de sobrevivente e mudanças fundamentais de personalidade que, 40 anos depois ainda não tinham desaparecido.

Em várias guerras seguintes, Vietnam, Coreia, o acompanhamento psiquiátrico aumentou, e também se concluiu que muitos fatores podem levar ao PTSD, não só a guerra mas outros traumas na vida das pessoas, violência doméstica, um acidente, a personalidade do sujeito ou até pode ser hereditário.

Hoje em dia, sabemos que as causas do PTSD variam e podem demorar meses ou anos a manifestar- se, mas são, geralmente:

- Memórias intrusivas do trauma: flashbacks, sonhos ou pesadelos, reações emocionais severas quando algo recorda a vítima do trauma;

- Evitar pensar no acidente: evitar lugares, pessoas ou tudo o que evoque as memórias do trauma;

- Mudanças negativas no estado de espírito;

É aconselhado pedir-se ajuda se os sintomas forem muito intensos ou durarem muito tempo, a partir daí o paciente é tratado com psicoterapia e medicação, quando é preciso.

João Silva.

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