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4 de dezembro de 1964

{SAÚDE MENTAL EM PORTUGAL___ }

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Portugal é um país onde a prevalência de doenças mentais é muito elevada, ainda que me digam o contrário, quando comparado com outros países da Europa. O cartaz que, no momento em que escrevo estas palavras, seguro nas minhas mãos, comprova-o. 

De todas as minhas viagens, tanto em estudo, como em lazer próprio, consegui analisar inúmeros casos e pacientes que me são encaminhamos como objetos de estudo. Nunca havia visto casos tão comuns e agrestes de tristezas, solidão e ansiedade prolongadas (o que gosto de apelidar depressões), tal como em Portugal. Já há anos tenho vindo a estudar o declínio da saúde mental no país nestas últimas décadas. Até o próprio Secretariado Nacional das estatísticas já me auxiliou nestas buscas, garantindo que 16% dos portugueses, entre os 18 e os 65 anos, têm pelo menos um problema mental. 

Segundo o que estudei, com o pós-guerra e com a consequente crise económica que atingiu intensamente os países da Europa e afetou, e através da puta devastação inerente ao conflito, a Europa encontrou-se muito fragilizada. No caso português, estudos e estatísticas revelam que os portugueses se sentem ansiosos (60%), deprimidos (43%), tristes (53%) e com a sensação que a vida se está, progressivamente, a agravar (95%).

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Posso, após inúmeras horas de estudo, concluir que, quando a satisfação com a economia diminui, aumenta a sensação de depressão, tristeza, ansiedade e agravamento da vida, e, do mesmo modo, diminui e a sensação de calma e paz e felicidade. Também, associados à fragilidade da economia, tal como o demostrou a devastação deixada pela 1a guerra, se verifica uma relação entre todos estes sentimentos negativos com o desemprego e o risco de pobreza e exclusão social. As opções políticas são determinantes sobre a forma como a recessão económica afeta a saúde mental das pessoas. As taxas de suicidios nunca estiveram tão altas como agora e, por este ritmo não vão parar de aumentar.

 

Os efeitos negativos na saúde dos cidadãos não são inevitaveis, mas com a ação deste governo torna-se impossível mitigar os efeitos associados à devastação inerente à vivência em sociedade. É necessário mudar.

 

Talvez, possamos começar com uma campanha ou iniciativa. Não interessa. O que interessa é que seja feito alguma coisa.

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