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10 de Março de 2024

Há pouco, estava a comprar os jornais (afinal é dia de eleições portanto tinha de me manter informado), e vi uma notícia que dizia que as nossas casas têm cerca de, pelo menos, 300.000 “coisas”. Fiquei chocado, eu, que não me considero uma pessoa particularmente consumista, acho que até sou capaz de ter mais do que isto. Até que ponto é que o consumismo se entranhou em nós? Aparentemente, hoje em dia temos três vezes mais roupa do que tínhamos à 50 anos, 40% da comida (nos Estados Unidos, pelo menos) vai para o lixo e, hoje em dia, é completamente aceite e normalizada a “shopping therapy” como uma maneira de lidarmos com os nossos problemas. Isto, juntamente com o marketing que cada vez mais sabe persuadir as pessoas e o consumismo sendo cada vez mais estimulado por várias partes do nosso estilo de vida, levou à criação da psicologia do consumo, tanto para fazer as pessoas consumir mais como para entender melhor as tendências de consumo. Há imensas razões para o consumismo ser um problema tão grande como é, e claro que o consumo não é necessariamente um problema mas, nas circunstâncias atuais é.

Em primeiro lugar, houve um aumento gigante do poder de compra generalizado, esta é a época da história da humanidade em que as massas têm melhor qualidade de vida e poder de compra, o que leva a outra razão, à produção em massa de produtos de consumo, que muitas vezes são de fraca qualidade, mas que têm procura é um mercado sempre à espera deles.

Portanto, materialmente, há mais dinheiro para o consumo e mais capacidade de produção, mas isso não foi tudo aquilo que mudou.

Em segundo lugar, a atitude em relação ao consumo também mudou radicalmente. Anteriormente, aquilo que era o mais importante nas pessoas era a alma, a salvação, a obediência cega e sofredora à religião para depois ter uma vida boa depois da morte. Isto era pregado pelas elites (da maneira mais hipócrita possível, como se eles não gastassem como se não houvesse amanhã) para fazer passar a ideia de que o que importa é o espírito e a alma, tudo resto é supérfluo e desnecessário. Cada vez mais nos afastamos, não só da religião, mas também desta ideia de que Aquilo que é importante ou é religião, ou a pátria ou qualquer outro grupo em que nos inserimos, mas que aquilo que deve ser mais importante é a nossa identidade e nós próprios. Realmente, cada vez damos mais importância à nossa identidade, o que eu acho mudança Extremamente saudável daquilo que existia antes, “Deus, Pátria, Família”, etc. está ideia de que o que importa é o coletivo e não o individual. E o consumo é uma maneira extremamente eficaz de expressar a nossa identidade, seja através da roupa, de comida ou de outras maneiras do ocupar o nosso tempo. 

Em terceiro lugar, a publicidade ficou cada vez mais forte, mais eficaz e mais presente nas nossas vidas. As redes sociais têm um papel muito grande nisto, se calhar muitas vezes nem sabemos que estamos a ver publicidade mas estamos e isso ainda mais sucesso.

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